sábado, 19 de abril de 2008

"Investidor" Sérgio Silva detido


Ao contrário do que o Jogo por Jogo anunciou, de que a injecção de dinheiro no Boavista FC, estaria por horas, tal não aconteceu. O suposto investidor, comprometeu-se esta Quinta-feira, a disponibilizar de imediato cerca de 9,5 milhões de euros, do total de 38,5, que iria investir ao longo de vários anos no clube. O auto-proclamado proprietário da Castle Shore, foi contudo detido pela Polícia Judiciária, e o investimento já não se irá realizar, como noticiou ontem Álvaro Braga Júnior, dirigente da S.A.D. «axadrezada».
Ao que parece, os investigadores estão a tentar obter esclarecimentos de Sérgio Silva, sobre a autenticidade da documentação, relacionada com o financiamento, nomeadamente os títulos bancários que o iriam viabilizar.
Além desta diligência, o Jogo por Jogo, soube também que este duvidoso Sérgio Silva, terá já pendentes vários mandados de detenção, emitidos por tribunais, relativos a processos de emissão de cheques sem cobertura, o que ao confirmar-se implicará a sua apresentação aos juízes que os emitiram.
Parece estarmos perante um vigarista, não recebendo o Boavista um "tostão", continuando deste modo sem capacidade financeira, para liquidar os salários em atraso, com os jogadores boavisteiros, a ameaçarem fazer greve no jogo de amanhã frente ao Nacional da Madeira. Se isto acontecer, será a primeira vez ao nível do primeiro escalão do futebol nacional, que se assiste a um caso de falta de comparência num jogo, sofrendo o Boavista para além de uma derrota por 0-3 na secretaria, uma subtracção de três pontos aos 32 actuais.
Esperemos porém, que tal não venha a acontecer, e que a partida se realize como previsto.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Os "Casos Boavista"



Épocas de descontrole financeiro, e gastos acima das possibilidades dos clubes marcaram os anos 80 e 90. Hoje, na primeira década do novo milénio, e na herança desta situação, muitos clubes portugueses, estão a receber os pesados dividendos dos anos irreais de excessos e desafogo financeiro. Alverca, Salgueiros, Felgueiras, Farense, Académico de Viseu, Ovarense ou Campomaiorense, clubes que já jogaram nos escalões maiores do futebol português, neste momento, ou desapareceram definitivamente para o desporto-rei, ou estão por esta altura a tentar renascer das cinzas, como os algarvios, que disputam a 1ª divisão distrital de Faro 2007-2008.
Depois do Vitória de Setúbal há dois anos, que através de um apertado rigor orçamental, parece ter a situação minimamente controlada, Boavista, Beira-Mar e Estrela da Amadora, estão hoje próximos do abismo. Aliás uns dependem dos outros, com a sobrevivência do Beira-Mar, dependente do pagamento de uma dívida, por parte do Boavista, resultante da transferência de Fary para o Bessa, em 2003. As greves sucedem-se também, onde mesmo na Bwin Liga, os jogadores do Estrela da Amadora, já ameaçaram boicotar jogos, caso os ordenados em atraso não fossem liquidados rapidamente, e os atletas do Boavista, resolveram seguir o mesmo rumo, ameaçando faltar ao próximo jogo com o Nacional, caso não vejam os seus salários pagos até à data do encontro. E isto é vergonhoso, quando estamos a falar de clubes profissionais, a disputar o escalão máximo do futebol nacional. Como podem, instituições com dívidas assombrosas, que não pagam aos seus atletas competir a este nível? Hermínio Loureiro, presidente da Liga, já garantiu porém, que a legislação relativa a essa matéria irá ser alterada, passando a reger-se pelas leis da UEFA, o que é inevitável que aconteça, no sentido de acabar de vez com esta situação desigual, em que no mesmo campeonato, uns pagam e outros não. Mas vamos falar do "caso Boavista".
Este clube, que há somente sete anos atrás foi campeão nacional, vive hoje "estrangulado" financeiramente, depois de décadas de gestão familiar, onde Valentim e João Loureiro, deixaram as contas do clube, num estado lastimável, ficando Joaquim Teixeira, com uma herança muito penosa. Na altura, em que o novo presidente «axadrezado», chegou ao poder, e após uma análise às contas do clube, constou-se que o passivo era já da ordem dos 45,8 milhões de euros. Só ao fisco, o clube deveria mais de 5 milhões de euros, o que levou a Administração Fiscal do Porto a colocar sete jogadores do Boavista FC à venda em hasta pública, como garantia de pagamento, o que é muito triste. Anos de gestão monetária, danosa e irrealista terão levado a esta calamidade financeira. A construção do Estádio do Bessa Século XXI, foi "suicida", pois perante uma comparticipação mínima quer do estado, quer municipal, contribuiu para mais de metade do actual montante de dívidas.
E não fossem investidores como Sérgio Silva (38,5 milhões de euros), a injectar (ainda não chegaram às contas do clube, mas estará por horas) dinheiro, e o clube do Bessa, corria o risco de cair no mesmo "buraco" do seu vizinho Salgueiros, vítima da corrupção de António Linhares...E já na Sexta-Feira, como temeu Joaquim Teixeira, o homem que vai tentando viabilizar financeiramente o seu clube de coração.
Concluindo, julgo que a Liga, deveria de facto intervir como anunciou, e se possível impedir estes clubes de se inscreverem em campeonatos profissionais, evitando assim, o aparecimento de uma situação de injustiça, para quem paga e tem os salários sempre em dia.
Para bem da imagem do nosso futebol...


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Meias-Finais da Taça de Portugal 07/08




Já são conhecidas as duas equipas que se irão defrontar no dia 18 de Maio de 2008, no tradicional Estádio do Jamor, para disputar a cobiçada Taça de Portugal. Falo do Sporting C.P. e do F.C Porto.





Em dois jogos muito diferentes, tanto o prol como o desfecho de ambos foi um tanto "massivo", com algumas variações de atitude ( bastante grandes ) entre os dois blocos de 45 minutos.




V. Setúbal 0-3 FC Porto


No desafio que opôs os «dragões», aos «sadinos», com estes últimos a ter a vantagem de jogar em casa e o F.C. Porto a de trazer uma vitória sobre o Setúbal, jogou-se muito futebol mas também se praticou muito "filme", e, aqui no jogoporjogo, somos fiéis à opinião de que existiram alguns factores que diminuiram a qualidade da partida. A primeira parte teve duas equipas a atacar em peso, mas com um ligeiro declínio positivo para o Porto, que alinhava com o seu onze habitual e começava desde cedo a fazer das suas, se bem que com um Paulo Assunção mais agressivo ( amarelo questionável logo aos 8 minutos ) e um Ricardo Quaresma bastante desconcentrado ( cobrança de bolas paradas muito fraca e desatenção geral, mas acabou por recuperar na segunda metade). Mas mesmo assim o Setúbal lá ia respondendo com algumas das famosas cargas de Cláudio Pitbull e alguns lances de bola parada, que o Vitória procurou bastante ( por vezes, até em demasia). Porém, os golos desta partida viriam a pertencer aos «azuis e brancos» e uma pequena infelicidade do lateral do Setúbal, Jorginho, permitiu ao Porto chegar ao 1-0, por volta dos 37', na sequência de um pontapé de canto (marcado por Raúl Meireles). Os «sadinos» reagiram bem ao golo e ainda causaram algumas chatices aos portistas. Porém, a figura que se viria a destacar nesta partida seria um dos "suspeitos do costume", Lucho González, que, desta vez, ao invés de assistir os golos, decidiu marcá-los...e logo dois! O 2-0 proveio dum remate cruzado que o guardião Eduardo à partida teria dominado, só que desta vez a bola veio traiçoeira e o guarda-redes ficou bastante mal na fotografia. Já o 3-0 não deu qualquer hipótese a Eduardo, já que, como todos sabemos, Lucho tem uma enorme precisão em passes e se recordarmos alguns golos ( até mesmo os penalties ) é claro que este jogador tem muito boa pontaria, e assim o confirmou neste golo colocadíssimo ao poste esquerdo.
Num jogo que não foi directamente influenciado pela arbitragem de Pedro Proença existiram, contudo, algumas decisões "menos vulgares" e por isso este árbitro leva a nota 4,5.

Melhor em campo: Lucho González / Raúl Meireles, nota 8
Melhor do Vitória de Setúbal: Cláudio Pitbull, nota 6




Sporting CP 5-3 SL Benfica


O embate que opôs, «águias» e «leões», teve um desfecho, tão inesperado, que quem nele apostou, num qualquer site de apostas desportivas, recebeu concerteza uma boa injecção de dinheiro na sua conta bancária.
Vamos então falar do jogo, em que a primeira e a segunda parte diferiram bastante, com as duas equipas a apresenterem-se num esquema táctico semelhante (4-4-2 losango), mas com dinâmicas diferentes.
No primeiro tempo, o Sporting com uma posse de bola esmagadoramente superior, não a conseguiu traduzir em golos, pois como já aconteceu inúmeras vezes esta época, os de Alvalade, faziam a sua posse de bola entre a defesa e o meio-campo, mas sem criar rupturas na defesa encarnada, que permitissem penetrar no último terço do terreno. Um jogo sem ideias e previsível. As «águias», que tiveram em Di María, a grande surpresa no onze inicial (em detrimento de Cardozo), e simultaneamente o seu maior trunfo no primeiro tempo. O argentino, muito mais móvel que o paraguaio, entendeu-se com Nuno Gomes, e conseguiu baralhar a defesa do Sporting. O primeiro golo do Benfica, nasce de uma combinação, entre Di María e Rui Costa, com o veterano a concretizar bem. O segundo, aconteceu com um cabeceamento de Nuno Gomes, após cruzamento do lado esquerdo dos «encarnados», com Abel mal posicionado a colocar em jogo este, quebrando a linha de defesas da sua equipa. 0-2 ao intervalo. Convém, também referir, que ainda ao minuto 42, Izmailov entrou pelo desinspirado Adrien, e foi a primeira carta lançada por Paulo Bento, rumo à vitória, visto que o russo imprimiu mais velocidade e dinâmica no lado direito do meio-campo do Sporting, enquanto Moutinho, na posição 6, esteve em melhor plano que Adrien Silva no primeiro tempo.
A segunda parte, iniciou-se com o Sporting, muito mais agressivo, a tentar chegar ao golo, nem que fosse através da meia distância (exemplo: Moutinho), com Quim em óptimo plano, a adiar o primeiro golo dos da casa. O Benfica, estava demasiado recuado no terreno, e aos 68' o Sporting chega ao primeiro golo por Yannick, numa altura em que Chalana, já tinha retirado o esgotado Di María, pelo romeno Sepsi, no sentido de reforçar o meio-campo, contudo esta alteração teve efeito quase nulo, com este meio perdido em campo. Aos 76' Liedson faz o 2-2, e aos 79' o regressado Derlei (entrou por Romagnoli) concretiza a "cambalhota" no marcador (3-2). Quando se pensava que o jogo estava resolvido, após dois maus alívios da defensiva «verde e branca», Cristian Rodríguez coloca a bola no fundo das redes de Rui Patrício e faz o empate (3-3). Pensou-se de imediato em prolongamento, mas aos 84' Yannick num golpe de magia de fora da área, faz o 4-3. Chalana, coloca "a carne toda no assador", introduzindo o gigante Cardozo, levando Paulo Bento a introduzir de imediato Gladstone para compensar. Nada para dizer, até aos 93' em que uma perdida de bola no meio-campo do Benfica, e perante uma defesa descompensada, Miguel Veloso cruza, e Vukcevic num remate de primeira, faz um golaço, fechando o marcador em 5-3 final.
8 golos, jogo épico, apesar das falhas tácticas das duas equipas, esta partida foi o que pode ser considerada como "um hino ao futebol".

Melhor em campo: Izmailov, Nota 8
Melhor do SL Benfica: Rodríguez, Nota 7

Sondagem Jogo por Jogo - Tarik Sektioui eleito jogador revelação da Bwin Liga


Será Tarik Sektioui a maior revelação desta Bwin Liga 2007/2008? Os eleitores do Jogo por Jogo, responderam afirmativamente (60%).
À frente de nomes que também surpreenderam, como Vukcevic ou Desmarets, o experiente extremo marroquino do FC Porto, nascido em Fès, a 13 de Maio de 1977, foi o escolhido.
O que é curioso, é que o norte-africano, não é novidade nesta liga. Já esteve duas meias épocas em Portugal. Da primeira, em 1998-1999, no Marítimo, poucos se lembrarão dele, mas a sua participação a titular nos primeiros jogos do FC Porto, na época passada, não estará certamente esquecida. E o que parece estranho, foi que nesses 4/5 jogos iniciais, até esteve em bom plano, fazendo uma boa assistência logo no primeiro jogo, com a União de Leiria, e marcando um golo na goleada com o Beira-Mar. Bons apontamentos, é certo. Não obstante isso, eclipsou-se das convocatórias de Jesualdo Ferreira, rumando em Janeiro, aos holandeses do Waalwilk, por empréstimo. Provavelmente, esta imbirração de Jesualdo, terá a ver com o facto de este ser uma aposta totalmente pessoal, do então demissionário Adriaanse, que o treinou no AZ Alkmaar. Ou talvez não. O facto é que deu "o braço a torcer", e na pré-época 2007-2008, passou de provável dispensado, a titular indiscutível. E com sucesso.
Conhecido como Tarik, mas com Sektioui nas costas, o marroquino demonstrou atributos válidos. Com belíssima técnica individual (já se tinha notado nos primeiros jogos da época anterior), este ala aliou esta mais-valia a uma razoável capacidade de concretização (6 golos até ao momento no campeonato), sendo por isso uma das principais armas do contra-ataque portista, e tendo por isso, marcado alguns golos de belo efeito, como aquela obra prima "à Maradona" frente ao Marselha.
Aparecendo tanto num como noutro flanco com a bola controlada, formou com Quaresma e Lisandro, o trio de ataque na maior parte dos jogos.
Não terá, certamente, a velocidade de ponta de Bosingwa, nem o virtuosismo de Quaresma, mas acaba por reunir um pouco dos dois, sendo hoje presença assídua na selecção de Marrocos, tendo representado estes na CAN 2008, em Janeiro.
Uma boa surpresa este africano...


terça-feira, 15 de abril de 2008

Buffon vs. Casillas

Após a votação de melhor guarda-redes ter terminado num empate entre Buffon e Iker Casillas, o jogoporjogo decidiu colocar algumas evidências e provas da vastíssima qualidade destes dois "porteiros".

Buffon:




Casillas:

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Noites de inspiração

Ficam, aqui exemplos de jogadores que passaram, pelo Sporting, sem sucesso, mas num certo jogo, fizeram história. Se se superaram a si próprios, se mostraram nessa noite a sua real capacidade, não sabemos. Fica a questão.

Paíto vs. Benfica, Taça de Portugal 2004/2005 (3-3)



Carlos Bueno vs. Nacional (4 golos), Bwin Liga 2006/2007 (5-1)

Liga Vitalis


Numa altura, em que se começa a definir quem serão os substitutos, de Leiria e mais algum, na Bwin Liga 2008/2009, e quatro jornadas do fim do campeonato, o Jogo por Jogo, faz questão de lançar a classificação, do nosso segundo escalão nacional, a Liga Vitalis.

Classificação Liga Vitalis (após 26 Jornadas):

Posição / Clube / Pontos

1. Trofense - 46
2. Rio Ave - 46
3. Olhanense - 41
4. Vizela - 41
5. Gil Vicente - 40
6. Beira-Mar - 38
7. Estoril - 38
8. Freamunde - 35
9. Varzim - 33
10. Santa Clara - 31
11. Desp. Aves - 30
12. Gondomar - 29
13. Feirense - 28
14. Portimonense - 27
15. Fátima - 25
16. Penafiel - 23

Legenda:

Azul - Promoção à Bwin Liga
Vermelho - Despromoção à II Divisão

Próxima Jornada (27ª):

Santa Clara - Varzim
Trofense - Rio Ave
Estoril - Feirense
Beira-Mar - Gondomar
Olhanense - Portimonense
Penafiel - Fátima
Freamunde - Gil Vicente
Desp. Aves - Vizela

Análise:

Num campeonato, que é sempre bastante nivelado, com equipas muito iguais, em termos de valia dos seus planteis, a incerteza na classificação, impera quase sempre até ao fim, tal como esta época.
Na luta da subida à Bwin Liga, Trofense e Rio Ave, já possuem uma vantagem considerável, tendo em conta o que ainda falta jogar, contudo defrontam-se no próximo Domingo, na Trofa, num jogo que se prevê emocionante, o que indica que pelo menos uma das formações vai perder pontos. E os outsiders, Vizela, Olhanense e Gil Vicente, com algum atraso pontual, vão estar à espreita, para tentarem vencer os seus jogos, e aproximarem-se do duo da frente, colocando um pouco de pressão nestes, para as jornadas restantes.
No primeiro escalão não-profissional, do futebol português (II Divisão), ninguém quer cair, e nessa disputa há um lote de equipas, que lutam desesperadamente em prol desse objectivo. Desde o 10º ao 16º, não há grande distância pontual, e qualquer umas destas sete equipas pode não conseguir a manutenção.
Penafiel-Fátima, no próximo fim-de-semana, é jogo de últimos, que obviamente ninguém quer perder, sob risco de ficar ainda mais atrasado, nesta corrida.
Beira-Mar, Estoril, Freamunde e Varzim, parecem ser neste momento as únicas das 16 equipas, que não lutam por qualquer objectivo, estando tranquilamente a meio da tabela.
Por todas estas indefinições, esta Liga, muitas vezes desvalorizada, mas extremamente interessante, onde pontificam alguns jogadores com valor, devia merecer mais atenção por parte dos adeptos de futebol.
Pelo menos nesta parte final...










domingo, 13 de abril de 2008

A queda da «águia»


Numa jornada, em que o Sport Lisboa e Benfica, caiu para o quarto posto classificativo, ultrapassado por Sporting e V.Guimarães, que venceram os respectivos encontros, vale a pena falar deste clube, e dos motivos, que podem levar ao descalabro desportivo, esta temporada, já que os «encarnados» a quatro jogos do término da prova, já não dependem só de si para garantirem a qualificação para a Champions. E ainda vão jogar ao Dragão...
Por mais explicações que se tente arranjar para a má temporada dos encarnados, quer a nível nacional, quer europeu, estas embatem todas numa só. A gestão danosa de Luís Filipe Vieira. Na época em que perdeu definitivamente o seu parceiro José Veiga, e sem director para a pasta do futebol, o ex-empresário do ramo pneumático, assumiu a função. E não podia ter corrido pior...
Vamos começar pelo princípio.
Na sequência, da última época, em que o Benfica, apesar de se ter qualificado, apenas no terceiro lugar, terminou a liga, a dois pontos do campeão FC Porto, praticando até muito bom futebol em alguns jogos, o presidente optou pela continuação de Fernando Santos, no comando técnico «encarnado». Contudo, desde cedo, se percebeu que o "Engenheiro do Penta", era um treinador "a prazo", pois à mínima falha, Luís Filipe Vieira acabaria de imediato com a sua estadia no banco da Luz. E até pareceu, que ia contribuindo para que isso sucedesse rápido. Ora vejamos. Fernando Santos, diz que a perda de Simão, seria um "pesadelo", e o que acontece? No dia seguinte, o ex-capitão do Benfica, estava no Atlético de Madrid. Depois, na véspera, da primeira mão, da decisiva pré-eliminatória, com o Copenhaga, Manuel Fernandes, que iria ser titular, abandona subitamente o barco, deixando o então treinador incrédulo no que lhe estava a acontecer. Além, do mais, Karagounis, rumou à Grécia, por motivos pessoais, e sobre Miccoli não foi accionado o direito de opção, para a sua contratação definitiva. Menos dois titulares de 2006/2007...Esta situação, a juntar a um amontoado de jogadores, a maioria estrangeiros, uns de qualidade, mas que nem conheciam praticamente o Benfica (como Di María, que nem sabia quem tinha sido Eusébio), outros contratados sem qualquer critério, só poderia levar à saída do fragilizado técnico português. E tal aconteceu mesmo, e num timing, inoportuno, pois o campeonato já tinha começado, jogava-se a segunda mão da pré-eliminatória da Liga dos Campeões, em Copenhaga, dentro de dias, e o mercado de Verão, estava prestes a encerrar, pelo que o treinador que viesse, herdaria um plantel, que praticamente não tinha sido escolhido por ele (ainda foi a tempo de indicar Maxi e Rodríguez). E veio Camacho. Presidente orgulhoso, pela sua espectacular aposta pessoal, adeptos eufóricos nas bancadas da Luz, muita emoção. Naquela altura, o espanhol era o herói, Santos o réu. Porém, o desenlace da época, veio revelar o contrário. Não era o mesmo, Camacho, que há uns anos atrás, num jeito aguerrido e disciplinador, conquistou dois vice-campeonatos e uma Taça de Portugal. Era outro, um treinador, com discurso apático e estranhamente conformado, uma sombra de si próprio. Personificava exemplarmente, a época que o Benfica viria a realizar.
O "inferno da Luz", transformou-se num inferno, mas para o Benfica, que semana a semana, desperdiçava pontos no seu próprio terreno. Entre um 4x4x2 clássico no inicío, e um 4x2x3x1 "à Camacho", as «águias», sem identidade própria, com fraco jogo colectivo, iam-se sobressaindo um pouco, pela grande valia individual, de jogadores como Rui Costa, Quim ou Cristian Rodríguez.
Sem rotinas de jogo, em campo dava a ideia, que os jogadores nem treinavam durante a semana. No mercado de Janeiro, o improdutivo gigante Makukula, e o desconhecido talento Sepsi, fizeram correr muito tinta nos jornais, mas pouco ou nada acrescentaram.
Após o empate caseiro com o Leiria (2-2), José António Camacho, abatido, tanto pelos resultados, como pela morte recente do seu pai, disse que não "tinha mais argumentos, para conseguir motivar os jogadores", e saiu. Com poucos jogos por disputar, Chalana, eterno adjunto, tomou as rédeas do banco «encarnado». Como era óbvio, aquele pobre homem, dedicado, mas sem qualquer carisma, ou conhecimentos que se conheça, não iria mudar nada (a não ser em termos tácticos, em que mudou para um 4x4x2 losango, parecido com o de Santos, mas obviamente sem as mesmas rotinas). E assim foi. Aquele jogo em Getafe, em que o Benfica, foi vulgarizado pela segunda linha dos espanhóis, num jogo sem ideias no seu futebol ofensivo, e permeabilidade defensiva, foi um bom exemplo disso. Tal, como na passada Sexta-Feira, com a Académica. Pelo meio, duas boas exibições, com Paços de Ferreira (4-1), e Boavista (0-0), que Chalana, fez logo questão de dizer que tudo já estava óptimo, o que se verificou semanas depois, que tal não era assim. E está assim descrita, a temporada do Benfica, até ao momento.
Vou então referir, por tópicos, exemplos concretos, da péssima gestão de Luís Filipe Vieira (LFV), a nível desportivo, financeiro e psicológico:

-Tentativa, de fazer de Fernando Santos, responsável pelo insucesso do início do campeonato, quando o culpado era só ele, pois na época anterior, num 4x4x2 losango, o Benfica praticava em muitos jogos, futebol de qualidade. O "herói" Camacho, que não é nenhum mestre táctico, e perante a dificuldade de gerir o "balneário", que o próprio LFV construi-o, levou à sua demissão óbvia.

-Guerra provocada, com José Veiga, e posterior saída definitiva deste. Esta atitude foi um "tiro no próprio pé", pois como se viu LFV, não tinha qualquer aptidão para gerir a pasta do futebol, que ficou assim sem qualquer director específico, com o resultado que está à vista.

-Tentativa, de desculpar a má época, com constantes lançamentos de suspeição inoportunos, em torno da arbitragem no futebol português, dizendo que estava montada "uma guerra contra o SLB", ou lá o que era. Aquela, intervenção histérica depois do jogo do Bessa, foi absolutamente ridícula. Este tipo de saídas, retira estabilidade ao grupo de trabalho.

-Constantes declarações, ilógicas, incoerentes, demagógicas, e inoportunas. "Temos o melhor plantel dos últimos 10 anos" ou "Os adeptos do Benfica sabem muito bem, que temos uma grande equipa". Eles não se guiam por títulos", são bons exemplos do que pretendo dizer.

-Pouco acerto nas contratações. Comprou-se muitos jogadores sem qualidade ou capacidade de adaptação (Bergessio, Zoro, Edcarlos, Andrés Diaz, Binya, Makukula, Luís Filipe), e outros com atributos, mas sobrevalorizados (Cardozo, 9 milhões de euros por 80% do passe, Maxi Pereira, 3 milhões por 70% do passe). Aliás, os valores envolvidos na contratação de um jogador, grande, mas mediano, como Makukula, são uma aberração. Os 4,1 milhões de euros dispendidos (entre Marítimo e Sevilha), davam para assegurar a continuidade do importante Miccoli.
Não houve substituto, tanto para Simão (Di María é um jogador muito inexperiente ainda), como para os médios Karagounis e Manuel Fernandes.

-Má política monetária, pois estas falhas, levaram a uma soma dispendida (31 milhões de euros), astronómica, tendo em conta, quer a capacidade financeira dos clubes portugueses, quer relativamente ao que os seus adversários directos gastaram. Péssima relação custos/resultados portanto.

-Timing, escolhido para anunciar, a futura tarefa de Rui Costa, na S.A.D. benfiquista, pois este ainda é atleta do clube, o que poderá causar um certo mau-estar, no seio do plantel «encarnado»

Em suma, com tantos erros de casting e gestão, o voo da águia, não podia ter sido muito mais alto...