quinta-feira, 24 de abril de 2008

Os milhões de Cardozo. Valeu o preço?

Cerca de 11 milhões de euros foi quanto custou Óscar Cardozo, após a recente compra dos 20% que faltavam do seu passe, por parte do Benfica. É a par de Simão Sabrosa, a contratação mais cara da história do Benfica e do futebol português no geral. Em época de crise, em que os clubes "apertam o cinto", esta aquisição foge completamente dos moldes da actual, contratação-tipo do futebol nacional. Valeu o preço?
É esta a pergunta, a que vou tentar fornecer a resposta.
Óscar René Cardozo, paraguaio de 24 anos, que jogava nos argentinos do Newell's Old Boys, fez correr muito tinha no último defeso. Uma das muitas estrelas emergentes, no campeonato argentino, do Tacuara, dizia-se maravilhas no "país das pampas". Jogador alto (1,93m) e de boa compleição física, fazia as delícias dos adeptos do Newells's, ao fazer balançar com frequência, as redes das balizas adversárias.
E o que se viu de Cardozo esta época?
Bons e maus atributos, aliados a uma elevada dose de falta de exploração do seu real potencial. Acima de tudo, convém referir que, apesar do que a sua elevada estatura aparenta, o paraguaio nem é assim tão forte ao nível do jogo aéreo como parece, porém, não podemos afirmar que é mau de pés, já que possui uma apreciável técnica individual, sendo um jogador que até sabe segurar a bola. Não tem na velocidade, o seu ponto forte, demonstrando por vezes alguma lentidão, sendo que mobilidade também não é consigo, permanecendo por vezes um pouco estático no eixo do ataque, não se deslocando nem para trás, de forma a dar apoios na fase ofensiva de construção da equipa, nem caindo nas alas, baralhando marcações. Não é portanto, um jogador de tabelas, de desmarcações (ao contrário de Nuno Gomes por exemplo). Apesar de ser um jogador muito diferente, julgo ter alguns traços de semelhança com Jardel, apesar de rematar mais (não faz qualquer cerimónia em rematar à baliza), e marcar muito menos golos.
Contudo, já facturou por 11 vezes no campeonato (mais algumas entre competições europeias e taças), o que não pode ser totalmente considerado como mau.
A fixar ainda, a sua grande capacidade de cobrança de livres, que já lhe valeram uns golos bem preciosos, assim como ao SL Benfica, que tinha perdido muito potencial nas bolas paradas com a saída de Simão Sabrosa.
Neste momento El Tacuara, têm aquecido o banco de suplentes «encarnado», nas últimas semanas, apostando Fernando Chalana, no extremo Di María, que confere mais mobilidade e velocidade no ataque, combinando melhor com Nuno Gomes, do que o paraguaio, pouco dado a este sistema táctico (4-4-2 losango). Apesar de saber, que mais importante, que o desenho táctico em si, é mesmo toda uma dinâmica da equipa, julgo que Cardozo será mais propício, a jogar isolado na frente, porque pelo que já foi acima referido, não tem na minha óptica, as características adequadas, para se entrosar com eficácia, numa dupla de avançados. A verdade é que esta temporada, com um ou dois pontas-de-lança, Cardozo, foi em muitos jogos, mal municiado, pelos seus companheiros, o que aliando-se à sua fraca mobilidade, acabaram por o transformar numa mera "ilha", perdida num "mar" de adversários, não sendo assim exploradas as suas reias capacidades e potencialidades.
Por tudo isso, apesar de este ano, Óscar Cardozo, não ter justificado, nem de perto, nem de longe, o investimento na sua contratação, julgo haver nele, potencial para o poder rentabilizar. E com novo treinador, na Luz, pode ser que este encontre, o correcto enquadramento táctico, que melhor possa beneficiar o ponta-de-lança Cardozo, que julgo passar por um sistema, que tenha este como referência no eixo ofensivo, com todo um futebol que melhor o solicite. A juntar, a um acréscimo de confiança (que parece também faltar nesta altura), pode ser que Cardozo, possa calar quem critica a sua compra, marcando mais golos (não marcou pouco, mas é jogador para fazer à vontade 20 golos no campeonato), e efectuando exibições mais convincentes, tornando-se num ponta-de-lança com estatuto, na Europa (acredito que sim). Deve também, melhorar em alguns aspectos, nomeadamente em termos posicionais, para não ficar por vezes, facilmente, preso em marcações.
Portanto, há que continuar a trabalhar...

Liga dos Campeões - Meias-Finais




Resultados:

Liverpool 1-1 Chelsea FC (Kuyt, 43'; Riise (p.b.), 90+4')
FC Barcelona 0-0 Manchester United





Análise:

Dois jogos pautados pelo equilíbrio, em eliminatórias que estão longe de estar resolvidas, principalmente a que opõe "red devils" e "blaugrana".
Em jeito de síntese, convém referir, a infelicidade do Liverpool, e nomeadamente do defesa norueguês John Arne Riise, ao introduzir uma bola na própria baliza, a instantes do final do jogo. Jogo esse, que foi controlado pelo Liverpool, ao longo dos 90 minutos, e cujo resultado podia ter sido mais dilatado, numa partida em que o Chelsea, esteve quase sempre, remetido ao seu meio-campo, insistindo em bolas longas sem resultados (o meio-campo não ganhava as segundas bolas) para o único ponta-de-lança, Didier Drogba.
O encontro, de Camp Nou, não trouxe nada que não se esperasse, com o desenrolar dos 90 minutos, a ter uma toada, tal e qual o Jogo por Jogo, preveu, de tão óbvio que era. O Barcelona, a apostar no que é mais forte, a circulação de bola (teve 64% de posse de bola neste jogo), devido tanto à qualidade técnica e intelectual dos seus jogadores (essencialmente da linha média), como a rotinas colectivas adquiridas, ao longo das últimas épocas. Iniesta, colocado surpreendentemente no flanco esquerdo do ataque, serviu para acrescentar ainda mais qualidade, no capítulo da gestão da bola. Neste ponto, o Barça, foi forte, fazendo o que lhe competia perante um Manchester remetido ao último terço do terreno, bem colocado e seguro defensivamente, efectuando uma pressão média-baixa, contudo os "blaugrana" conseguiram penetrar poucas vezes neste último reduto inglês. Houve também algum desperdício da equipa da casa, em termos da concretização, pois remataram 21 vezes, tendo algumas boas oportunidades até, enquanto os forasteiros (que apenas tiveram 6 remates), falharam uma hipótese soberana, aquando da falha de uma grande penalidade, na fase inicial do encontro, por parte de Cristiano Ronaldo (porque os grandes génios também vacilam).
Em Old Trafford, embora o Barcelona, não queira porventura, abdicar do seu estilo de jogo habitual, preve-se um Manchester um pouco mais, a segurar a posse de bola, "assumindo" mais a partida.
O 0-0 parece, beneficiar os homens de Manchester, mas como se têm provado, em anos anteriores, este resultado, mesmo conseguido fora, é bastante traiçoeiro. Diria então, que a eliminatória está no intervalo, com ambas as equipas com as mesmas probabilidades teóricas, de alcançarem Moscovo.
Veremos para a semana...


terça-feira, 22 de abril de 2008

Liga dos Campeões - Estatísticas


No dia, em que se iniciam as esperadas Meias-Finais, da prova que é por muitos treinadores, considerada como a de melhor nível do mundo, à frente do Campeonato do Mundo ou Europa, convém dar a conhecer algumas estatísticas, nomeadamente a nível colectivo.
Para consulta mais pormenorizada, estas estão presentes no site da UEFA (www.uefa.com), mas o Jogo por Jogo, vai lançar desde já algumas relacionadas, com os quatro semi-finalistas, para se ter a noção dos possíveis pontos fortes e fracos de cada equipa:



Clube / Média de golos marcados por jogo


Liverpool - 2,6
Barcelona - 1,8

Manchester United - 1,8

Chelsea - 1,5


Clube / Média de golos sofridos por jogo

Liverpool - 0,8
Barcelona - 0,5

Manchester United - 0,5

Chelsea - 0,4


Clube / Média de percentagem de posse de bola por jogo

Barcelona - 58 %
Chelsea - 53 %

Manchester United- 52 %

Liverpool - 51 %


Clube / Média de faltas cometidas por jogo

Chelsea - 15,6
Liverpool - 14,9

Manchester United - 13,2

Barcelona - 13,0


Clube / Média de remates à baliza por jogo

Barcelona - 7,5
Chelsea - 6,7

Liverpool - 6,2
Manchester United - 5,8

Análise


Liverpool x Chelsea:

Numa eliminatória, que se prevê muito equilibrada, como noutros anos, com os "Blues", a tentarem inverter o rumo de épocas anteriores, os dados estatísticos, valendo o que valem, são interessantes. Parece estarmos perante, duas equipas muito parecidas em três dos cinco capítulos analisados, excepto em dois em que diferem bastante. A nível, da quantidade de remates arriscados, de faltas cometidas, e de posse de bola, estas duas equipas não possuem diferenças significativas. Porém, é nos golos marcados e sofridos que se revelam antagónicas. O Chelsea sofre metade dos golos do Liverpool, e é o mais forte dos semi-finalistas em termos defensivos, contrastando com os "Reds", em último lugar neste âmbito. Em termos de golos marcados, os de Anfield estão em primeiro lugar, enquanto os de Stamford Bridge encerram a tabela dos quatro.
Resumindo, um bom tónico para esta eliminatória a duas rondas, será observarmos a disputa, entre o melhor ataque (Liverpool) e a melhor defesa (Chelsea). Conseguirá a segurança defensiva dos segundos, anular o poderio atacante dos primeiros? Não sabemos, logo à noite teremos uma ideia. Mas não estão previstos muitos golos...

Barcelona x Manchester United:

Estamos perante duas equipas exactamente iguais, em termos estatísticos, no que diz respeito a golos marcados e sofridos, e idênticas a nível de faltas cometidas, o que indicia desde logo extremo equilíbrio. Contudo, os catalães, parecem ter maior caudal ofensivo e capacidade de circulação de bola, como a superioridade ao nível dos remates à baliza, e do tempo de posse de bola, faz crer. Já os "red devils", terão na eficácia do remate, um argumento de peso, visto que em menos remate à baliza, concretizaram o mesmo número de remates certeiros.
Num duo de jogos, em que é de todo impossível, antecipar-se um vencedor, espera-se porém um Barcelona em cima, em termos do controlo do jogo e posse de bola, como é habitual, e um Manchester um pouco mais na expectativa, apostando muitas vezes, em transições defesa-ataque rápidas, e menos trabalhadas a meio-campo.
A ver vamos...

domingo, 20 de abril de 2008

FC Porto 2 - 0 SL Benfica - 27ª Jornada Bwin Liga




Os editores do jogoporjogo estiveram presentes na vitória do Porto sobre os «encarnados» no Estádio do Dragão (cerca de 50.000 espectadores presentes), naquele que foi o último dos clássicos desta temporada.
Num jogo que trazia alguma responsabilidade à equipa de Fernando Chalana, onde os jogadores iriam tentar sair da maré negra de resultados escandalosos (Académica 3 - 0 Benfica ; Sporting 5 - 3 Benfica) e assim procurar assegurar o 2º lugar, tanto o produto final como o desenrolar dos eventos não foram muito gratificantes. Chalana voltou a deixar Cardozo no banco e lançou Nuno Gomes na frente, junto com Di María. O lesionado Petit foi substituído pelo esforçado, mas improdutivo Binya (que acabou expulso pouco antes do final). O Porto utilizou o seu onze vencedor do costume.
Contudo, o Benfica, apesar de se apresentar no Dragão com um certo brio e organização defensiva, foi débil em termos de construção ofensiva, criando um número muito reduzido de oportunidades de golo. Depois de uma primeira parte relativamente equilibrada, em que o Porto marcou cedo, aos 7' por Lisandro López, condicionando de certa forma a estratégia do Benfica, o domínio do FC Porto acentuou-se, sobretudo, no segundo tempo, com os «dragões», a empurrarem as «águias» para trás, que iam perdendo metros no terreno, com os seus centrais bastante seguros, a adiarem o segundo golo, que apareceu inevitavelmente aos 80', novamente por Licha com um remate semelhante ao do primeiro golo.
Em termos de respostas dos «encarnados», apenas Cristian e Rui Costa iam tentando "pegar" no jogo do Benfica, mas desta vez não havia música para o maestro, ou melhor, a "orquestra" não estava a corresponder, comprovando-se uma significante inoperância dos restantes colegas, que numa equipa sem quaisquer rotinas colectivas, não estavam a criar linhas de passe, obrigando vários jogadores a recorrer a inconsequentes individualismos, para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Nuno Gomes, mal municiado, e pouco inteligente nas movimentações, foi dos piores senão o pior, dos «vermelhos», a efectuar uma exibição muito pobre, que se resume à pergunta seguinte: "Ele esteve em campo?"

A nível de massa associativa, podemos dizer que os estádio estava cheio, exceptuando um determinado sector...o da claque do benfica. Apenas surgiram na segunda metade os poucos adeptos da equipa visitante e foram completamente apupados pelo estádio inteiro. As claques portistas também estiveram ao seu mais alto nível com alguns cartazes bastante originais.
Em suma, três pontos justos para os tricampeões, que demonstraram mais uma vez o porquê dessa conquista, apesar de já nada estar em jogo. Profissionalismo acima de tudo portanto.
Também ao Benfica nada poderá ser apontado nesse âmbito, e nesta altura apesar de não terem produzido muito, fizeram a exibição possível, contra um adversário que neste momento, não é do seu campeonato. O seu campeonato, como Chalana referiu e muito bem no final do jogo, começa agora, com os da Luz, apesar da derrota, a ficarem a somente um ponto de distância do Sporting, que foi copiosamente derrotado em Leiria (4-1), perante o "lanterna-vermelha" da bwin Liga, que assim adiou a sua despromoção matemática.

Curiosidade: Não poderia deixar de mencionar a carga irónica, de aquando o fim do jogo, a passagem da música "Chamem a pulissia" dos Trabalhadores do Comércio no Estádio, numa clara provocação ao SL Benfica, tendo em conta as declarações do seu presidente, após o jogo do Bessa. Teve a sua piada.



Melhor em campo: Lisandro López, Nota 9
Melhor do SL Benfica: Cristian Rodríguez, Nota 5