quarta-feira, 18 de junho de 2008

O fracasso Domenech

A França, depois de assegurar o vice-título mundial em 2006, acaba de nos desiludir completamente neste Europeu de 2008. E o problema, está muito além quer dos resultados, quer do miserável goal-average (-5). O problema está no que foi por todos observado, jogo após jogo neste Euro. A escassez de ideias, a rigidez táctica, a falta de movimentações colectivas, a inoperância de Domenech. Neste Euro, a França foi somente a soma das partes, um amontoado de jogadores.
Mas comecemos pelo princípio.
Primeiro, não entendo sinceramente, porque é que Raymond Domenech, não convocou David Trezeguet, que realizou uma época excelente na Juventus, preferindo convocar por exemplo, um tal de Gomis, que não convenceu minimamente, pois naquela anarquia de ideias, nem sequer dele sobressaiu qualquer dote técnico. A única coisa que saltou à vista foi mesmo o seu enorme cabelo selvagem. Depois também, não compreendo porque se convocou Patrick Vieira, se estava lesionado, e nem jogou 1 minuto que seja. Estaria a ser guardado para os quartos-de-final? Não seria Mathieu Flamini mais útil? É que analisando, a prestação daquele redutor duplo-pivot "Makelele-Toulalan", parece-me que sim, pois apesar de serem dois bons médios-defensivos, se jogar com um deles julgo ser positivo, com os dois parece-me patético, pois hipoteca em larga escala a construção de jogo dos franceses. E foi esse um dos principais problemas desta selecção. Sem Zidane (que falta faz!), Vieira e Flamini, não havia ali mesmo ninguêm que desse um pouco de clarividência no centro do meio-campo francês, alguém que pensasse o jogo. Ou melhor havia o virtuoso Samir Nasri, mas Domenech mais uma vez mostrou a sua astúcia, e colocou o dito sucessor de Zidane sempre no banco...
Depois na defesa, esteve outro problema. Se no primeiro jogo com a Roménia, pouco se notou, dada a fraca capacidade de construção de jogo ofensivo dos romenos, nos outros jogos aquilo foi uma auto-estrada. É que se o velho Makelele, ainda dura, dura...O "dinossauro" Thuram não dura coisa nenhuma, já não tem pernas, e formou com Gallas uma fractura no eixo defensivo. Mas Raymond Domenech para tudo tem solução e no terceiro jogo resolve colocar Abidal a central com Gallas, entrando Evra para o onze inicial. Se é verdade que sempre gostei mais de Evra, que Abidal na esquerda, não posso compreender essa brilhante decisão, cujos resultados ficaram bem à vista. Um lateral adaptado e sem rotinas, esteve mal ao nível do posicionamento, o que o obrigou a cometer um penalty suicida sobre Toni, expulsão directa, prejudicando ainda mais a desorientada equipa francesa.
Em termos ofensivos, quer nas alas, quer no eixo do ataque, nada a dizer individualmente. Faltou Trezeguet é certo. Mas havia Henry, Benzema, Ribery, Malouda, Govou, Anelka...Enfim...um vasto leque de soluções...Pena que não houvesse praticamente jogo colectivo, com cada um a querer levar a água ao seu moinho, de qualquer maneira, individualmente...Ora pegava Henry na bola e tentava resolver...ora era Ribery...No jogo com a Holanda há quem diga que a França jogou muito bem. Eu diria apenas que teve muito volume de jogo ofensivo, mas que foi mais uma vez cada um por si, e à pressão a tentar tirar "coelhos da cartola". Já para não falar nos espaços defensivos, que esta avalanche ofensiva abriu. E a Holanda aproveitou.
Em suma, uma catastrófica participação gaulesa no Euro 2008, que deverá ser lembrada por muitos anos, por forma a não se voltar a repetir. E nem é por um ou outro aspecto em termos de escolha de jogadores que se possa apontar a Domenech, a questão nem está aí. O problema, foi o 4-4-2 clássico montado por este, sem qualquer tipo de rotina, sem soluções tácticas, sem movimentações colectivas, sem nenhuma jogada que parece-se ter sido treinada, nada, nada...Não sei mesmo o que é esta personagem, esteve a fazer com os seus jogadores ao longo de três ou quatro semanas. A avaliar pelo que foi observado, julgo que nada. E por tudo isso, Raymond Domenech tem mesmo de ser considerado, o pior treinador do Euro sem dúvida. Porque com os recursos disponíveis, fazer-se o que ele fez, é vergonhoso. E nem a boa participação de 2006, serve de desculpa...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Portugal - Fase de Grupos


Como seria de esperar Portugal, venceu o Grupo A, que teve a Turquia como principal surpresa, virando dois resultados. A Classificação Final do Grupo é a seguinte:

País / Pontos / Golos marcados-sofridos / Diferença de golos

1. Portugal - 6 / 5-3 / +2

2. Turquia - 6 / 5-5 / 0

3. República Checa - 3 / 4-6 / -2
4. Suiça - 3 / 3-3 / 0

Análise:

Dois jogos de boa qualidade de Portugal, quer com a Turquia, que foi no primeiro jogo uma oposição não muito forte, quer com a República Checa, num teste mais difícil, que Portugal teve de ter cabeça, e alguma paciência, dada a superioridade táctica dos checos, em relação aos turcos.
No terceiro jogo, apesar de não ter qualquer interesse prático, fica uma mancha no percurso de Portugal, pois com uma equipa desfalcada de oito unidades titulares, todos os bons princípios de jogo, verificados na duas primeiras rondas, não foram visíveis. Mas como disse, tal poderá dever-se essencialmente à alteração, para mim exagerada (bastaria saírem 5 ou 6), de unidades, constituindo-se por exemplo um meio-campo sem qualquer tipo de rotinas de jogo.
Espera-se no entanto, que tenha sido somente um acidente de percurso, e que Portugal volte ao seu nível técnico-táctico inicial, já nos Quartos-de-Final. Se assim for, terá boas possibilidades de avançar para as meias-finais da prova, quer encontre Alemanha, Áustria ou Polónia.
Das restantes equipas do grupo não há muito a dizer, somente que pareceu existir equilíbrio entre si. Os checos pelo que vi, pareceram-me os melhores a nível da qualidade táctica do jogo, contudo, não se pode deixar de lamentar, a forma como perderam o último jogo com a Turquia, consentindo o volte-face no marcador. Só por isso, julgo que mereceram a não qualificação. Por outro lado, a Turquia depois de um primeiro jogo pouco conseguido, em que até pareceu uma selecção débil, demonstrou elevada força mental, ao virar dois resultados, tendo também bons executantes técnicos. Merece a passagem. A Suiça, apesar de numa táctica estanque (4x4x2 rígido e previsível), mas organizada, pareceu-me ser das quatro, a equipa menor apetrechada em termos da valia individual dos jogadores, existindo um ou outro interessante. Não demonstrou para mim, potencial para justificar a qualificação para uma fase mais avançada da prova. Os helvéticos, despedem-se do torneio, no seu próprio território, e terei a maior curiosidade de observar como irá evoluir nos próximos dois anos, sob o comando de Ottmar Hitzfeld, pois julgo que apesar da matéria prima disponível não ser muito abundante, se pode fazer mais e melhor.

Jogadores em destaque:


Pepe (Portugal)
Ricardo Carvalho (Portugal)
João Moutinho (Portugal)
Deco (Portugal)
Nuno Gomes (Portugal)
Nihat Kahveci (Turquia)
Arda Turan (Turquia)
Milan Baros (República Checa)
Sionko (República Checa)
Hakan Yakin (Suiça)
Ludovic Magnin (Suiça)