Cada vez que assisto a um jogo da nossa Bwin Liga, é notória a falta de interesse e qualidade dos espectáculos, o que se traduz na falta de golos, sendo o actual campeonato, o segundo com menor média de remates certeiros por jogo dos últimos dez anos, logo a seguir à época de 2005/2006.
Mas porque é que isto acontece?
Em primeiro lugar, a maioria dos nossos clubes apostam muito pouco na área da formação de jogadores, com excepção do evidente caso do Sporting, com FC Porto, V.Guimarães e Boavista, logo atrás dos «leões» nesta matéria. E como penso ser do senso comum, o "fabrico" de talentos, é a base do futebol de um país, quer a nível de clubes, quer de selecções, onde ainda não estamos mal, graças a estes quatro clubes. Em vez disso, os nossos emblemas, principalmente os mais "pequenos", preferem importar ano a ano, lotes de jogadores brasileiros, principalmente nos escalões inferiores deste país, grande parte destes de qualidade muito duvidosa. Ok, é certo que de vez em quando saem uns Decos ou Jorginhos, mas a probabilidade é mínima. E valerá a pena continuar a dar "tiros no escuro", à espera que um acaso se suceda, em vez de jogar pelo seguro, que é os clubes investirem nas suas academias jovens. Será essa a chave? Eu penso que não.
Para além disso, também julgo, que há um campo, que está muito mal explorado, que é o da aposta em jogadores do nosso segundo (Liga Vitalis) ou terceiro escalão, principalmente o primeiro, onde jogam muitos atletas com valor. Lembro-me do caso do V.Setúbal, que até está a ter sucesso, e recrutou Róbson e Bruno Severino no Gondomar, o primeiro um belíssimo central brasileiro, o segundo um jovem avançado nacional que tem demonstrado atributos. Porque não seguem os outros clubes do primeiro escalão, este exemplo?
Outro facto, que é bastante assustador, é que agora para além dos atletas de top nacional a saírem para os principais campeonatos europeus (o que é inevitável), assistimos hoje a outro fenómeno, que é o êxodo dos nossos jogadores de classe média, para campeonatos pouco competitivos, mas com maior capacidade financeira que o nosso, como o do Chipre ou da Roménia (ao todo estão cerca de 50 portugueses só nesses campeonatos!). Cadú, Amoreirinha, Manuel José, Pedro Oliveira, João Paulo, Rui Lima ou Semedo, são apenas alguns exemplos de jogadores, com qualidade para jogar em praticamente qualquer clube da Bwin Liga. Aliás, o caso de João Paulo é curioso, com a União de Leiria, em último lugar a vender o seu melhor marcador a meio da prova para os romenos do Rapid Bucareste. Já sei que os clubes portugueses estão asfixiados financeiramente, mas será boa gestão vender bons activos a nível desportivo, a qualquer preço, para pagar dívidas e depois contratar um batalhão de "reforços", de forma quase aleatória nos regionais do Brasil?
É altura de repensar a estratégia, senhores dirigentes...