quinta-feira, 10 de abril de 2008

Arsenal e o mestre Wenger

Vou falar do Arsenal, de Arsène Wenger e dos seus comandados, na semana em que os londrinos foram afastados da Liga dos Campeões, e perderam boa oportunidade de se aproximar dos seus rivais de Manchester. E não, não vou criticar, seja o que for, por mais estranho que pareça.
Vou sim da falar, da escola de jogadores do Arsenal, de Wenger particularmente.
A par de Sporting ou Ajax, o Arsenal Football Club, possui hoje uma das melhores escolas de talentos a nível europeu. Contudo, actua de diferente forma dos «leões» por exemplo, muito mais vocacionados ainda para a descoberta de talentos, em território nacional, salvo uma ou outra excepção. Já os «gunners», possuem uma rede mundial de olheiros, muito mais vasta, incidindo principalmente na França, e nos países de língua oficial francesa africanos, certamente por indicação do gaulês Wenger. Outro factor, que diferencia também a Academia "gunner", da escola de Alcochete, é que os jogadores, são normalmente contratados, já na fase final da sua formação (17/18 anos), ou mesmo no princípio da sua carreira sénior (20/21 anos). Chegando estes talentos, ao clube, começam a ser "moldados" pelo experiente Arsène, velha raposa na arte de trabalhar com jovens, que vai ensinando, integrando no sistema de jogo da equipa, e limando arestas técnicas deste "diamantes", ainda por lapidar. Pelo caminho, vão jogando alguns jogos pelos reservas, para não perderem o ritmo de jogo, enquanto evoluem e se enquadram.
Este trabalho de prospecção/integração, de atletas de qualidade, tem-se revelado repleto de sucesso, com o Arsenal, a transformar, ilustres desconhecidos, a jogar em pequenos clubes formadores franceses (Auxerre, Bastia...) ou clubes africanos com parcerias com o clube (o ASEC Abidjan, da Costa do Marfim, por exemplo), em alguns dos melhores jogadores no plano europeu/mundial.
Depois dos conhecidos exemplos, dos já consagrados e veteranos, Henry, Robert Pires, Vieira, Ljungberg, ou mais recentemente Kolo Touré (ainda no plantel), entre outros, surge agora uma nova geração. Não são «galácticos» (talvez Fabregas seja o que está mais próximo dessa designação), não vão concerteza ganhar qualquer título esta época, ainda não tem grande experiência, mas já colocam o Arsenal a jogar o futebol mais bonito da Europa, segundo alguns, e a curto/médio prazo, poderão ser nomes de peso do futebol internacional.
São eles, Abou Diaby, Senderos, Djorou, Justin Hoyte, Gael Clichy, Eboué, Denílson, Mathieu Flamini, Song, Bendtner, ou Theo Walcott, que juntamente com os já mais referenciados,embora jovens, Fabregas e Adebayor, formam a nova «Armada Gunner», que poderá num futuro próximo, ganhar boas coisas, quer a nível interno, quer externo. Quem sabe, se poderá conquistar a tão ambicionada Champions, que teima em não entrar na sala de troféus dos de Londres...
Enfim, uma grande teia internacional, que tem em Wenger a sua "aranha", o homem que para além de todas as descobertas e trabalhos, teve a visão superior, de ir buscar o ainda adolescente catalão Cesc Fabregas, aos escalões de formação do Barcelona, aproveitando as suas capacidades e potencialidades, e tornando-o num dos médios mais completos da actualidade, com apenas 21 anos.
Porém, este superior modelo arsenalista, como tudo, não é perfeito. E se há algo, que não posso concordar, é que uma equipa sediada em Inglaterra, como é o caso do Arsenal, jogue por vezes sem nenhum jogador nacional no seu onze inicial, tendo pouquíssimos no plantel. Já sei, que estamos na era da globalização, onde não há muito espaço para nacionalismos, mas acho fundamental, que apesar de tudo isso, uma equipa consiga manter o mínimo de traços nacionais. E é nisso que o Arsenal e Arséne, pecam. E só nisso.
Em suma, o Arsenal, ao contrário de outros «colossos», como Chelsea ou Real Madrid, em detrimento de contratar jogadores feitos e reconhecidos mundialmente, conduzidos pela obsessão de obter resultados imediatos, prefere sacrificar em certas épocas, o presente, para poder "fabricar" os seus próprios atletas de qualidade, assegurando assim o futuro.
Uma questão de política, a que o Futebol agradece.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tenho uma paixão por esta equipa. Adoro vê-los jogar! Espero que ganhem títulos. Com um pouco mais de experiência chegam lá. Força Arsenal!!!

Mister Fred disse...

Exacto. Uma equipa com muito potencial, que pode vir a ganhar muito nos próximos anos.