quarta-feira, 30 de abril de 2008

Paulo Assunção, o jogador invisível


Não marca golos, não remata sequer, não faz assistências, não tem jeito para cobrar livres, não faz passes longos, não dribla, não é super rápido, não se destaca pela agressividade, não é alto, não é forte, não vende capas de jornal, não usa penteados extravagantes, não calça chuteiras laranja fluorescente...
Enfim, quem é então este jogador?
É o melhor médio-defensivo da Bwin Liga, Paulo Assunção da Silva, ao lado de Lucho e Lisandro, uma pedra nuclear, na conquista do título esta época.
Para quem não se lembra, Paulo Assunção, apareceu no FC Porto, em 1999/2000, como avançado, tendo efectuado, jogos somente pela equipa "B" dos «dragões». Como é que passado uns anos é um dos melhores médios-defensivos da Europa? Não se sabe. Só se sabe que se eclipsou, jogando dois anos no Palmeiras, aparecendo depois em 2002, no Nacional, já como médio. Depois, em 2004, protagoniza aquele célebre conflito entre Nacional e Sporting (o primeiro de dois), e acaba no FC Porto, que o empresta por uma época ao AEK de Atenas, treinado na altura por Fernando Santos.
Em 2005, com Co Adriaanse, ingressa definitivamente no plantel do FC Porto. Inicialmente suplente, joga a titular, com sucesso, num jogo da Liga dos Campeões frente ao Inter (que o FC Porto venceu 2-0), e desde aí, que tem feito quase sempre parte dos "onzes", quer de Co, quer de Jesualdo.
Mas em que é que o brasileiro é bom?
Em tudo. Tudo? Mas ele nem remata à baliza, nem faz os passes longos de Miguel Veloso (nem tem a agressividade na recuperação da bola de Petit ou Binya), dirão alguns. Nem tem de o fazer, digo eu. Se aliasse as suas capacidades, a estas óptimo. Mas como é dificil um jogador ser bom em tudo, eu diria que ele é eficaz, no que compete a um médio-defensivo, e basta. Porque um atleta que jogue nesta posição, deve ser um jogador essencialmente "táctico", ou seja um jogador com sentido colectivo, que saiba ler o jogo, posicionar-se correctamente na ocupação de espaços e que com a bola dos pés, procure acima de tudo não comprometer, efectuando passes simples mas certos. E nisso Paulo Assunção é exímio. O brasileiro, faz quase sempre passes curtos, para o lado às vezes. Alguns críticos, não gostarão, desse factor, mas não valerá mais para o lado, o mais simples possível, e que não se perca à bola, do que fazer passes espectacularmente executados tecnicamente, e que a equipa corra o risco de perder a bola? Claramente. E um jogador, como Paulo Assunção, que cumpre sempre tacticamente, sacrifica o brilho individual em detrimento do sucesso colectivo, estando sempre no sítio correcto (parece que adivinha onde a bola vai cair), e tendo uma percentagem de passes falhados muito baixa, qualquer treinador gostaria de ter no seu plantel. É um jogador, que sem ser alto e viril, nem tecnicamente evoluído, é sobretudo inteligente. É esse o ponto forte de Assunção! Os fracos, é que não remata praticamente nunca, e fica muito remetido atrás por vezes, não apoiando muito a equipa no ataque. Mas serão reais pontos fracos? Competirão essas tarefas ao "trinco"? Eu julgo sinceramente que não. Aliás, o facto de iniciar a fase de construção de jogo da equipa (o esférico passa quase sempre por ele), não comprometendo a posse de bola, será já uma ajuda ofensivamente.
Resumindo, julgo que mesmo sendo invisível para alguns, Assunção, tem mesmo uma quota parte significativa no sucesso do FC Porto, e é sem dúvida alguma, e volto a dizer, o melhor médio-defensivo a jogar em Portugal, e apenas não entendo, porque nunca é referido pela comunicação social, quando se fala em potenciais transferências para o estrangeiro. Talvez os motivos sejam os "nãos" do primeiro parágrafo...

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