terça-feira, 25 de março de 2008

A máquina trituradora portista


Quando observamos a classificação, facilmente verificamos a elevada distância pontual do primeiro classificado, FC Porto, para os restantes. É como se existisse um fosso, a separar dois campeonatos distintos. Mas porque é que isto acontece? Porque é o Porto o único clube português neste momento, com capacidade para se bater de igual para igual, com a primeira linha do futebol europeu?
É tudo bastante simples de entender. Em primeiro lugar, o FC Porto, manteve a sua equipa base do ano passado (apenas saiu Pepe, as restantes peças base ficaram), que tinha qualidade, bem como a maior parte do plantel, o que traz desde logo estabilidade. Apostou também na continuidade a nível técnico, mantendo o seu treinador campeão, Jesualdo Ferreira, que não sendo nenhum mestre da táctica, é um líder de balneário capaz, e sabe perfeitamente como se relacionar com a imprensa. Este prolongamento de equipa e treinador é muito benéfico, pois permite que se continue a trabalhar o mesmo modelo de jogo, criando-se rotinas e sistematizando-se ainda melhor este.
Em segundo lugar, a acrescentar aos jogadores que transactaram da época passada, vieram alguns novos, que não trouxeraram muito de novo (à excepção de Tarik), mas que permitiram a Jesualdo alargar o seu leque de opções, ficando o plantel com mais soluções para enfrentar uma longa temporada, com muitas competições em disputa. Embora alguns jogadores ainda não se terem adaptado totalmente, tal como Kazmierczak, Leandro Lima, Lino ou Bolatti, e não serem reais alternativas aos titulares, com outros não foi bem assim. Tarik Sektioui regressou, impondo-se na primeira equipa, mostrando técnica e velocidade nas alas, e marcando golos fabulosos, como aquele de mestre, frente ao Marselha. Nuno, Mariano, ou mais recentemente Farías, vieram também acrescentar opções ao plantel dos «dragões».
A nível de opções técnicas, a passagem de Lisandro López, de um dos flancos, para o eixo do ataque, revelou-se também um tremendo sucesso, quer para o jogador, quer para a equipa. O argentino, mais ambientado àquelas zonas mais centrais do terreno, "explodiu" finalmente, e já leva 19 golos, tendo já sido chamado à selecção do país das pampas.
Para finalizar, gostava também de salientar, a extrema importância para o êxito, do presidente «azul e branco», o mito Jorge Nuno Pinto da Costa. Remetido ao silêncio, falando para o exterior somente em momentos estratégicos, traz estabilidade para os jogadores poderem melhor desenvolver o seu trabalho, ao contrário de alguns, nomeadamente um, mais a sul, que aproveita cada microfone, para aumentar o seu tempo de antena, criticando tudo e todos, e prometendo "mundos e fundos" difíceis de virem a ser cumpridos.
A nível financeiro, Pinto da Costa, foi também mais uma vez sagaz, realizando um encaixe de cerca de 60 milhões de euros, em vendas de jogadores (Pepe, Anderson, Ricardo Costa), gastando somente 12/13 na constituição do plantel para esta temporada 2007-2008. Provou que sem os 30 milhões, esbanjados na Luz, conseguiu fazer mais e melhor. A venda de Pepe, um defesa, por 30 milhões ao Real Madrid, foi algo de genial.
Com um plantel, que chega, sobra, e volta a chegar, para as necessidades nacionais e se desenrasca ao mais alto nível europeu, o Futebol Clube do Porto, continua a não dar tréguas à concorrência, levando alguns críticos a questionar-se, se um campeonato mais competitivo como o espanhol, não estaria mais ao nível deste clube.


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