domingo, 11 de maio de 2008

«Apito Final»


Enquanto, nos tribunais comuns, desconhece-se o desfecho, do longo processo «Apito Dourado», em termos de justiça desportiva, conheceu-se esta Sexta-feira, a sentença da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes, relativamente ao lado desportivo da coisa, o processo «Apito Final». Dada, a sua complexidade, e o meu desconhecimento dos regulamentos e detalhes do processo, não irei aprofundar muito o assunto, nem entrar em pormenores, o que não me compete. Vou somente, efectuar uma análise global, à luz da realidade do futebol português, sobre determinados aspectos, que para mim são óbvios, e que passo desde já a citar:

1) O curto espaço temporal, desta investigação, que se remete somente à época de 2003/2004, o que apesar de ser melhor que nada, será uma ínfima migalha, de todos os casos de corrupção que terão ocorrido no futebol nacional nos últimos anos.

2) O bom trabalho, que Hermínio Loureiro tem efectuado, desde que assumiu a presidência da Liga de Clubes, parecendo querer, quer dinamizar, quer credibilizar neste caso, a estrutura da Liga Profissional, dentro e fora das "quatro-linhas".

3) A coragem relativa (explicarei no ponto seguinte), mas apesar de tudo louvável, de pela primeira vez na história, se ter actuado em Portugal, nestes casos que retiram a transparência, do futebol que por cá se pratica. A corrupção desportiva, fenómeno, que assola os países da Europa Latina, e que já tinha provocado sanções disciplinares, em países como Itália (Calciocaos, entre outros) ou França (Caso Tapie), no nosso país foi a primeira vez, que se fez justiça, e ainda bem, pois este desfecho vai, limpar um pouco o futebol português, desacreditado nos últimos anos.

4) Falo em "coragem relativa" no ponto 3), pois obviamente, as sanções aplicadas, a União de Leiria, FC Porto e Boavista, não tiveram consequências nada dramáticas. Vejamos. A União de Leiria, perde três pontos, num campeonato, que está há muito despromovida. Ao FC Porto (que não recorreu da decisão da CD da Liga, por razões óbvias), foram retirados seis pontos, numa época, em que foi esmagadoramente superior, e tal como Pinto da Costa veio dizer, tanto faz ser campeão com 20/21 pontos de vantagem, como com 14/15. A penalização aplicada ao Boavista (descida de divisão, sentença, a que o Boavista recorreu, logo não está ainda confirmada), parece-me a mais bicuda, contudo num clube asfixiado financeiramente, sem capacidade sequer para pagar aos seus atletas, provavelmente a descida de divisão, ou mesmo a sua dissolução, seriam desfechos inevitáveis, com ou sem, «Apito Final».

5) A suspensão a João Loureiro (4 anos), é absolutamente inócua, pois este já nem é dirigente desportivo. Quanto, a João Bartolomeu e Pinto da Costa, a suspensão aplicada, é válida, mas duvido que surtirá qualquer efeito, pois estes continuarão a dirigir os respectivos clubes. Só não poderão, sentar-se no banco de suplentes, assinar contratos e representar os seus clubes em actos oficiais.

6) Gostava de destacar, o total descaramento, com que Valentim e João Loureiro, se apresentaram em entrevistas televisivas, apresentando argumentos, no mínimo mal fundamentados e duvidosos. Neste duo familiar, que arruinou as contas do Boavista FC, e cuja acusação de corrupção, não será certamente sem fundamento, virem falar de "união boavisteira e amor ao Boavista", de "total ausência de culpa neste processo, nunca tendo havido qualquer tipo de coacção sobre árbitros", e de que Ricardo Costa (presidente da CD da Liga), tomou esta decisão "por vaidade", tem tanto de ridículo, como de absolutamente anedótico. Aliás, o tom altivo e grosseiro, de Valentim Loureiro na entrevista à TVI, impondo-se não pela clareza e lógica dos seus argumentos, mas pela altura do timbre da sua voz (o que já é hábito do Major), que roçou na "gritaria", não tem classificação possível, e para mim acentua ainda mais a sua falta de credibilidade.

7) Em suma, um desfecho de um processo, que pode ser analisado por dois prismas. O do facto, de pela primeira vez, se ter feito este tipo de justiça em Portugal, parece positivo. O outro lado da questão, é o que parece ter sido uma saída soft e lisonjeira, para uma matéria que tem em muito prejudicado e retirado transparência ao futebol nacional, nas últimas décadas.


1 comentário:

Mister macedo disse...

pobre boavista...eu queria ir jogar para la no proximo ano :/ x)